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terça-feira, novembro 19, 2024

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Tia Ciata

Tia Ciata foi cozinheira, costureira e anfitriã das festas e rodas de samba do início do Século XX. No seu quintal foi feito o primeiro samba registrado na Biblioteca Nacional "Pelo Telefone".

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Como muitas mulheres brasileiras do início do Século XX, ela poderia ser mais uma mulher negra, migrante que fazia doces para ajudar a criar os  14 filhos!

Mas, “Hilária Batista de Almeida” resolveu não se curvar diante das circunstâncias e escreveu para sempre seu nome da história do Brasil e do Samba! Ainda não sabe quem é a Dona Hilária? É simplesmente a ilustre Tia Ciata!

Para início de conversa podemos dizer seguramente que pra Tia Ciata, não tinha tempo ruim: com seus quitutes e comidas baianas ela criou uma rede de vendedoras no centro do Rio, um núcleo de costureiras que confeccionavam fantasias para o carnaval e Teatro de Revista e, ainda encontrava tempo para fazer animadas festas em sua sala regadas à comida boa, alegria e muito samba!

Não pensem vocês que nas festas ela ficava somente “pilotando o fogão” ou servindo convidados não:  Tia Ciata era mesmo “Hilária”: Segundo testemunhas das suas festas incluindo sua neta Lili Jumbemba, tia Ciata levava meia hora fazendo “miudinho na roda” e “sabia sambar direitinho… arrastar graciosamente as chinelinhas na ponta do pé”.

As Tias Baianas do início do século XX, exerciam uma liderança na organização da família, da religião e do lazer.

E as festas na casa da Tia Ciata não eram bagunça.  João da Baiana contava que “os velhos ficavam na sala da frente cantando partido alto… os jovens ficavam nos quartos cantando samba corrido e, no terreiro, ficava o pessoal que gostava da batucada.”

Segundo o próprio Donga “ Formava-se uma roda. No Centro as pessoas sapateavam… dançava um de cada vez,  com entusiasmo, fazendo samba nos pés…”

Resumindo na sua casa havia alegria, havia comida boa, havia liberdade para cantar, dançar, brincar, compor, mas sem bagunça!

Imperava o respeito à Tia Ciata que além de cozinheira, costureira e anfitriã, ainda era  “IYá Kekerê” (principal auxiliar do pai-de-santo) num dos mais prestigiados terreiros do Rio, o terreiro de João Alaba.

Para mulheres que procuram um modelo de superação, de força, de atitude e generosidade, Tia Ciata foi  uma grande mulher:  guerreira nata  à frente do seu tempo,  que serve de inspiração para  muitas mulheres de hoje que,  a exemplo de Tia Ciata, vão a luta com garra e coragem sem perder o respeito e a alegria de viver!

Salve a Mulher Negra Brasileira, Salve o Samba, Salve a “hilária” Tia Ciata!

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