Nelson Sargento viveu 96 anos, 11 meses e dois dias.
Sua morte em maio deste ano, vítima da covid-19, deixou saudade.
Saudade não apenas da sua presença, da sua integridade moral, da sua força, do seu exemplo de vida, mas também do seu talento.
“Leva meu corpo, junto com meu samba”, diz o verso da canção, que descreve de maneira singular, o amor que Nelson Sargento sempre teve pelo samba.
Nelson Sargento não era alto em estatura, mas sempre foi um gigante em força, coragem, persistência e talento.
Sim, era um artista de alta patente, que merecia mais reconhecimento do seu povo.
O talento de Nelson Sargento não se limitava a compor e cantar.
Tinha uma coleção de talentos tão grande ou maior que sua coleção de discos e, um deles era a pintura.
Nelson Sargento sempre foi um pintor de mão cheia e pintou até o fim de sua vida.
Ao analisar o seu acervo o professor e escritor da Uerj, Ricardo Leitão, ficou surpreso e disse que a herança deixada por Nelson para a cultura brasileira, não tem preço.
Suas obras são de valor inestimável.
E parte delas inéditas.
Assim, como justa homenagem e buscando despertar nas pessoas a valorização merecida a este grande artista, é realizada uma mostra “arte agoniza, mas não morre: Nelson Sargento 9.7”
A mostra está em cartaz no Instituto Nise da Silveira, em Engenho de Dentro, no Rio de Janeiro até o dia 26 de setembro.
Entre as 15 obras de pintura reunidas existem 06 inéditas que nunca foram expostas ao público.
As obras tornam-se ainda mais especiais por terem sido inspiradas nas experiências cotidianas de Nelson Sargento ao longo da sua vida, transitando entre arte abstrata e autodidata, retratando cenas coloridas das favelas cariocas, e claro, do seu companheiro de toda vida, o samba.
Vale muito a pena conferir e guardar pra sempre na memória.
O nicho do sambista ganhou destaque especial também no columbário do Cemitério da Penitência: o Artista plástico Fábio Braga, fã convicto de Nelson Sargento, doou a estátua de 25 centímetros, feita em homenagem a Nelson Sargento.
Ele foi o maior dos maiores. Merece toda homenagem
Quando lembro de Sr Nelson Sargento, como ele gostava de ser chamado, surgem em mim dois sentimentos: de profunda gratidão e respeito pela sua história, pela sua trajetória, pelo seu exemplo e revolta, pela falta de reconhecimento a este grande artista. Hoje em dia qualquer bobagem ganha evidência e pessoas de valor, que produzem conteúdo cultural de qualidade, com era Sr Nelson Sargento, são simplesmente esquecidos.