Quem foi que falou que Jorge Aragão não é um “Moleque Atrevido”? O cantor e compositor que ‘ganhou sua fama de bamba nos sambas de roda’, agora faz um flerte com o Rap, ao trazer uma nova roupagem para este, que foi um de seus maiores sucessos. Lançado originalmente nos anos 90, a canção agora trará trecho inédito composto e interpretado por Djonga, que faz parceria com o sambista no hit, que chega também com novo nome, passando a se chamar “Respeita”. A novidade estreou nas plataformas digitais, via ONErpm, em formato de single, nesta sexta-feira, 24 de novembro.
O lançamento faz parte do novo EP de Aragão, intitulado “Projeto Identidade”, que começa a ser lançado no mês da Consciência Negra, fazendo uma viagem inesquecível por alguns sons do cantor que representam a força da cultura negra no Brasil. Sucessos já conhecidos do artista, como “Malandro”, “Cabelo Pixaim”, “Preto Cor Preta”, “Coisa de Pele”, entre outras, também serão reinventadas em parceria com nomes já consagrados no cenário do rap e do trap. Entre eles BK, Emicida, Lennon, Rappin Hood, Liniker, Xamã e Negra Li, além do sambista Xande de Pilares que interpreta faixa totalmente inédita com o mestre e traz uma obra de profunda reflexão. As canções serão lançadas uma a uma, apresentadas semanalmente entrando em 2024 ainda repleto de novidades, quando será disponibilizado o compilado completo.
“Prestigiados são aqueles que usam a arte como luta. E eu fico feliz em saber o que fiz pela música. Temos a cor da noite, somos filhos de todo açoite, mas podemos construir diariamente novos caminhos. Seguimos unidos, mais fortes e mais lindos”, reflete o poeta do samba ao falar sobre o projeto – que também pretende chamar atenção para o fato de que o Dia da Consciência Negra não se trata apenas de uma data, apesar do importante simbolismo que a morte de Zumbi dos Palmares, em 1695, nos traz. “O ‘Projeto Identidade’ revisita o passado, por causa das músicas que carregam história e abordam essa temática, mas, ao mesmo tempo, faz essa conversa com artistas novos, jovens e engajados na luta, e completa com inéditas.
Imprimindo ao compilado, essa emocionante homenagem à cultura preta na música brasileira, as canções também virão acompanhadas por lyric vídeo e por um mini-documentário, em que o cantor e os rappers convidados falam mais sobre o projeto e seu significado. “Este é um projeto muito importante e cheio de significado para mim, carrega o dia a dia das nossas raízes. Falando do cotidiano, da beleza, da cultura, da força, do talento, da resiliência e tantas outras formas de arte do nosso universo cultural”, conclui Jorge.
“Respeita” já está disponível em todas as plataformas digitais.
LETRA
Jorge Aragão/Flavio Cardoso Silva/Paulinho Rezende/Gustavo Pereira Marques
Quem foi que falou
Que eu não sou um moleque atrevido
Ganhei minha fama de bamba
No samba de roda
Fico feliz em saber
O que fiz pela música, faça o favor
Respeite quem pôde chegar
Onde a gente chegou
Também somos linha de frente
De toda essa história
Nós somos do tempo do samba
Sem grana, sem glória
Não se discute talento
Mas seu argumento, me faça o favor
Respeite quem pôde chegar
Onde a gente chegou
E a gente chegou muito bem
Sem a desmerecer a ninguém
Enfrentando no peito um certo preconceito
E muito desdém
Hoje em dia é fácil dizer
Essa música é nossa raiz
Tá chovendo de gente
Que fala de samba e não sabe o que diz
Por isso vê lá onde pisa
Respeite a camisa que a gente suou
Respeite quem pôde chegar onde a gente chegou
E quando pisar no terreiro
Procure primeiro saber quem eu sou
Respeite quem pôde chegar onde a gente chegou
(Djonga)
Respeite quem pôde, respeite quem pode
Do giro do LP à tela do iPod
Duvido que tu pare em pé com as linhas do Djonga
Cercado e protegido com as armas de Jorge
Tentaram pôr na forma eu não coube no molde
Disseram que eu ia ficar pelo caminho,
pode?
Creio que provei que tudo que eu falava era verdade
Nós é do tipo que ladra, só que também morde
Uma coroa de rei não coroa de flores
Cinturar ignorante, mas nem é de coldre
É o novo cinto da Gucci que eu comprei pra mim
Sem olhar o preço só escolhi as cores
Quem desacreditou, juro é o que mantenho de pé
Marcas do passado deixam o clima de quem é de fé
Aprendi com os ancestrais, dois ouvidos uma boca
Tipo onde vocês for, mano, pra mim, já é
(Jorge e Djonga)
Por isso vê lá onde pisa
Respeite a camisa que a gente suou
Respeite quem pôde chegar onde a gente chegou
E quando pisar no terreiro
Procure primeiro saber quem eu sou
Respeite quem pôde chegar onde a gente chegou