O sambista Jorge Aragão é acima de tudo um guerreiro, que a anos luta para se manter vivo e, sobreviver a covid-19, causou uma profunda mudança na sua visão da vida e do mundo.
Por trás da sua serenidade, do sucesso absoluto e do seu talento inegável, existe um homem de saúde frágil.
Aos 72 anos, o cantor é cardiopata e tem 26 stents no coração.
O stent é um pequeno tubo implantado dentro da artéria, para abri-la e evitar entupimento por placas de gordura, ou devido à diminuição do diâmetro dos vasos em função do envelhecimento.
A chegada e avanço da pandemia da covid-19, gerou em Jorge Aragão um temor maior: cardiopata, acima do peso e na faixa etária de maior risco para os casos de coronavírus, tudo que ele não queria era ser contaminado.
Mas, isso acabou acontecendo.
Tive medo de morrer
Jorge Aragão foi contaminado na primeira onda da covid-19 ainda em 2020, e passou 12 dias na UTI com 50% da capacidade pulmonar comprometida.
Em entrevista a revista Veja Rio, Jorge Aragão revelou a angústia de experimentar o medo da morte.
Ao ser perguntado se pensou que ia morrer, Jorge Aragão responde à Veja:
“Tive medo de morrer, … algo tão natural e espontâneo, como o ar, estava faltando. Eu sinceramente não achei que fosse sair. Foi assustador, aterrorizador.”
2020 d.cc
Medo de morrer, solidão, reflexão sobre a vida, luta para sobreviver.
Jorge Aragão não é de se inspirar em acontecimentos do momento para compor mas, desta vez foi diferente.
Na solidão do hospital, travando uma das maiores batalhas da sua vida, veio a inspiração para para compor a música “2020 d.c.” que será lançada neste sábado (28), no show que dará início da turnê Novos tempos.
“Sobrevivi ao ano enfeitiçado” é assim que começa sua mais nova nova canção.
O show também marca o retorno de Jorge Aragão aos palcos. Mas ele já não é mais o mesmo.
Meu maior desejo é viver
A experiência de quase morte, fez Jorge Aragão refletir muito e perceber que, as vezes, nos importamos demais com coisas sem importância, e não damos atenção àquilo que é mais importante.
Segundo o cantor, o mínimo que ele podia fazer para colaborar com a vida, era realmente parar. Mas não para sempre.
Nesta necessária pausa, também veio a visão da necessidade de mudança de hábitos: da alimentação à hora de dormir e até ao jeito de fazer música:
“Tenho certeza que vou desconstruir alguns mitos que rolam no meu seguimento. Eu não vejo fronteiras. Se me chamarem de sambista direi que sou pagodeiro; se me chamarem de pagodeiro direi que sou sambista. Tenho muita coisa pra fazer este ano e para o ano que vem.”
Tudo mudou para Jorge Aragão, inclusive a sua visão dos verdadeiros valores da vida:
“Eu não preciso mais de nada para continuar vivendo feliz e em paz. Eu sobrevivi. Estou feliz e realizado. Meu maior desejo é viver.”