Em viagem a Brasília-DF pelas celebrações do dia da Consciência Negra, a Porta-bandeira da Portela D. Vilma Nascimento foi mais uma vítima de abordagem racista.
Vilma nascimento de 85 anos é porta-bandeira da Portela há mais de 60 anos sendo figura histórica das Escolas de Samba do Rio de Janeiro e também da cultura brasileira conhecida, respeitada e aclamada como Cisne da Passarela.
Viajou para Brasília com o Neto e a filha para receber uma homenagem na Câmara dos Deputados no dia da consciência negra mas, não esperava que iria passar por uma situação tão degradante:
De acordo com o neto, Bernard Nascimento, na última terça-feira (21/11), D. Vilma aguardava o voo para retornar a Brasília junto com a filha Danielle Nascimento e passando pela loja Duty Free Shop dentro do aeroporto de Brasília, viu perfumes, produtos como todo mundo faz e seguiu para a sala de embarque.
Momentos depois, resolveu voltar a loja para comprar um refrigerante.
Constragimento
Neste momento, D. Vilma de 85 anos, foi abordada por um segurança que teria dito que precisava “ver a bolsa dela num lugar reservado”.
A filha Danielle, havia comprado chocolates e conta que também chegou a ser abordada, mas o fiscal queria que D. Vilma abrisse a a bolsa.
Assustada e constrangida, D. Vilma chegou a dizer que abriria a bolsa na presença da polícia. A filha Danielle interveio e começou a gravar afirmando que insistiu para que a mãe abrisse a bolsa por causa da proximidade com a hora da decolagem.
No vídeo, dá pra ouvir o diálogo de Danielle com a mãe, onde a filha pergunta se D. Vilma esqueceu de pagar algo, ao que ela responde que não comprou nada como iria pagar?
D. Vilma abriu a bolsa, e, um outro vídeo mostra o momento que a idosa tem que pegar alguns dos seus pertences do chão.
“Minha mãe ficou surpresa, envergonhada, revoltada porque a revista foi no meio da loja, na frente de clientes e de outras pessoas. Foi muito constrangedor” revelou Danielle.
Nenhuma irregularidade foi encontrada na bolsa de D. Vilma e nenhum outro passageiro foi revistado. A família afirma que sequer houve um pedido d desculpas pela abordagem que traumatizou a todos.
“Estamos tristes e traumatizados até agora. Foi um absurdo!!! Chegeu a perguntar se ela estava fazendo isso por causa da nossa cor”. Escreveu Danielle nas redes sociais.
Artistas e personalidades públicas repudiam o ato
A Portela e diversas Escolas de Samba saíram em defesa de D. Vilma que recebeu apoio também de inúmeros artistas que fizeram questão de emitir nota e repudiar veementemente o ato.
A Portela publicou:
“A luta por uma sociedade mais justa e humana passa pelo combate ao racismo. O G.R.E.S Portela repudia veementemente o preconceito sofrido por Vilma Nascimento, o Cisne da Passarela, no aeroporto de Brasília, em companhia de sua filha Danielle Nascimento”,
O coro foi endossado pela Mangueira que fez questão de declarar “Não vamos mais tolerar racismo” Nosso povo se reconhece em D. Vilma e exigimos respeito, nossa cor da pele não pode mais ditar o tratamento que vamos ter, seja onde for.
A ministra da igualdade Racial, Anielle Franco, foi uma das primeiras personalidades políticas a reagir à denúncia de racismo.
O ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social, Paulo Pimenta também se pronunciou, classificando como inadmissível o caso.
E a própria primeira-dama do Brasil, Janja Lula, se pronunciou no início da noite de ontem, classificando como inaceitável o que ocorreu com D. Vilma.
Paulinho da Viola e Teresa Cristina também defenderam dona Vilma:
Manifestação do Sambando.com
A mais de 25 anos atuamos para promover nossas raízes culturais mais autênticas, adotando como valores o respeito e igualdade para cumprir a nossa missão de combater toda forma de discriminação e preconceito para tornar o mundo um lugar melhor.
Assim batalhamos diariamente para que este tipo de cena lamentável, deplorável, repugnante não se repita, seja por questão de cor, raça, gênero, idade ou classe social.
Empenhamos esforços e campanhas para fortalecer a luta contra este tipo de conduta vil e sempre buscamos produzir conteúdos e produtos para combater atitudes sórdidas que atingem diretamente a dignidade da pessoa humana.
Ao nos deparar com mais um caso de dolorsa discriminação, temos ainda mais certeza da nossa missão: Assim seguiremos com a campanha “racismo não dá samba” até que o mundo entenda que somos iguais não importa a cor da nossa pele, a nossa religião, o nosso gênero, a nossa classe social ou a nossa idade!
RESPEITO, RESPEITO, RESPEITO!!!!
A D. Vilma o Cisne da Passarela, nossos sinceros sentimentos de pesar por ter sido submetida a tão traumática experiência.
A sua elegância e delicadeza que lhe deram o título de Cisne da Passarela, são infinitamente superiores a toda essa mesquinhez que não apaga o brilho da sua trajetória.