“A melhor invenção do homem depois da roda, foi a roda de samba!” (Luiz Carlos da Vila)
Nosso querido amigo jornalista Roberto Moura até escreveu um livro sobre o assunto. A Roda de Samba para Roberto Moura e alguns pesquisadores amantes do bom samba, é anterior ao samba e seu verdadeiro Motriz. Devo concordar ao vivenciar a perpetuação do samba através dela.
Sou cria de roda de samba, foi através dela que assumi minhas características de cantar, de escolher repertório, de pronunciar, de sambar… A Roda é ambiente sonoro que permite o aparecimento e posterior desenvolvimento do samba, onde a tradição dialoga com o presente!
Nenhuma roda de samba é igual a outra. Todas guardam suas características e, embora consideremos um ritual, a roda é unica e não se repete. Tem regras e modelos padrões, mas, com atualização permanente, ela preserva sua origem, através do seu Batuque.
No princípio era a roda….. na casa de Tia Ciata. Seu Quintal foi o palco de reunião das tradições que aquele grupo queria resguardar suas tradições culinárias, sonoras e de danças.
Assim reunidos se cria, se troca, se expande. E a roda se expandiu para os demais quintais, onde acabou se reunindo em Grupos, depois em Escolas de samba, não as de hoje, as de 40/50.
Em meados de 60/70, os compositores retornaram aos quintais para mostrar seus sambas, seu batuque, estourando, em 80, uma leva de compositores criados nesse bom ambiente, com o aplauso daqueles que já faziam parte dele: João Nogueira, Nei Lopes, D. Ivone Lara, Wilson Moreira, Seu Monarco, Martinho da Vila e muito mais. Surgia a nova geração : Almir Guineto, Arlindo Cruz, Jorge Aragao, Mauro Diniz, Luiz Carlos da Vila, Pedrinho da Flor, Elaine Machado, Beto Sem Braço.
O Samba se renovava a partir do princípio, da roda! Até hoje, a sobrevivência de vários artistas do samba, sejam eles compositores, intérpretes ou instrumentistas, se deve a essa ação cultural espontânea que se denomina roda de samba.
Hoje as rodas estão espalhadas pelo Brasil inteiro, eu vivencio isso, pois tenho 8 Cds todos independentes e lançados em rodas de samba. Não consigo marcar teatros pra apresentar meu novo trabalho, então apresento nas rodas e é lá que fica conhecido.
Assim como aconteceu nos anos 80, as rodas permitem surgimento de novas gerações, como está ocorrendo agora: João Martins, Inácios Rios, Juninho Thybau, Renatinho Milagres, Gabrielzinho de Irajá, Léo Russo, Mingo, Álvaro Santos, Renato da Rocinha, Di Caprio, Chico Alves, Beta Nistra, Karynna Spinelli, Nina Rosa, Marina Iris, Pipa Vieira, Arlindo Neto, Tomaz Miranda e muito mais….pelo Brasilzão afora!
Por todas essas razões , e por amar o samba e amar o que faço, aceitei o convite do Zeca Marques e da Rádio Globo de fazer um quadro do meu programa ‘Dorina Ponto Samba’, dentro do programa ‘Toda Noite’ apresentado por Zeca Marques.
Então, aguardem que farei entrevistas e vou gravar um pouco de cada roda de samba que acontece na cidade. Se você tem alguma roda pra indicar, deixe seu comentário, com dia, endereço, horário e preço da roda. E, como diz o mestre Martinho da Vila, “Se é pra sambar, entra na roda / Vem requebrar que a roda gira… Forte abraço!
Que inteligência, diferenciado.
Meus parabéns pelo texto, muito bom! Grande abraço.