Mussum, um dos mais queridos humoristas do Brasil, sempre foi engraçado, e sempre foi artista. Aliás, dos mais originais.
E, como não poderia deixar de ser, o samba, era a música que embalava a alegria do músico que, muito antes de se tornar um artista trapalhão, já havia ganhado fama mundial como sambista da mais alta patente!
Mussum iniciou sua trajetória artística nos anos 60 mas morreu prematuramente em 94, com apenas 53 anos de idade mas a lembrança da sua irreverência e alegria o tornou imortal. Sua empatia com o público ultrapassou gerações e, virou “meme” com seu famoso “Cacildis”, virou cerveja “Birits” mas, uma das suas maiores paixões, o samba e, o sucesso que fez com o Grupo Originais do Samba andava meio esquecida.
Andava, porque novamente impulsionados pelo desejo de homenagear o grande artista, foi lançado nas plataformas digitais 12 álbuns do Originais do Samba, gravados entre 1970 e 1983 pela extinga gravadora RCA-VICTOR.
Contemporâneo do Grupo Fundo de Quintal, de Beth Carvalho, Zeca Pagodinho e de grandes nomes do Samba Brasileiro, o Grupo Originais do Samba, contagiou o Brasil e boa parte do mundo com seus sambas cheios do mais original Suingue fruto de uma alegria personalíssima de tocar samba.
Um dos responsáveis por esta contagiante alegria, estava personificada, claro, em Mussum, um dos líderes do Originais do Samba. A entrevista abaixo, exibida pela TV Cultura em 1972, mostra um pouco da história dos Originais, ao mesmo tempo em que revela a alegria e o talento de Mussum:
https://youtu.be/iGcPsDWCNMc
A projeção dos Originais do Samba, veio um pouco antes desta entrevista, em 1968, no evento que ficou conhecido como I Bienal do Samba, onde, acompanhando Elis Regina, apresentaram o samba “Lapinha” (Baden Powell e Paulo César Pinheiro). Assim, embalados na visibilidade do Festival, o grupo formado por “Bidi”, “Bigode Chiquinho”, “Lelei”, “Rubão” e o cantor, percussionista e humorista a Antônio Carlos Bernardes Gomes (O Mussum), foi gravado o primeiro álbum, Os Originais do Samba (1969) pela RCA. Até então conhecido como Antonio Carlos, ganhou o apelido Mussum de Grande Otelo.
“Cade Tereza?” presente de Jorge Ben, fez grande sucesso com os Originais do Samba. A “Cozinha” do Originais, era autêntica e contagiante resultado do talento dos ritmistas dos morros que faziam parte das baterias das escolas de samba do Rio de Janeiro. Aliás, partiu de Mussum, que tocava reco-reco como ninguém, a ideia de acoplar as cordas do cavaquinho ao banjo para amplificar o som.
Assim, o banjo com cordas de cavaquinho, ganhou destaque no álbum Samba Exportação, 4º album dos Originais do Samba gravado em 1971, e que é um dos 12 reeditados nas plataformas digitais.
Os anos 70 foi praticamente dos Originais do samba emplacando sucesso como Esperanças Perdidas ((Adeilton Alves e Délcio Carvalho-1972), DO lado direito da rua direita (Chiquinho e Luiz Carlos -1972), e a famosa tragédia do fundo do mar (assassinaram o camarão), lançada em 1974 (Ibrain e Zeré). Eram considerados de linhagem distinta de produção poética de compositores como Paulinho da Viola e Cartola, sem perder o bom humor e a alegria contagiante personificada na própria pessoa do então vocalista Mussum.
Dedé Santana, grande fã do Originais, acabou convencendo Mussum a entrar para Os Trapalhões, o que levou ao afastamento dos palcos, mas não do samba. Era comum ver Mussum nas rodas junto com amigos, em especial do Fundo de Quintal, com seu reco-reco, levando o samba.
No samba, Mussum regravou faixas de Adoniram Barbosa (Saudosa Maloca, Samba do Arnesto e As Mariposas) e uma das primeiras composições de sucesso de Zeca Pagodinho(Chiclete de Hortelã). Na bossa nova, gravou uma música de Vinicius de Moraes. Para quem não sabe, acrescentar os “Is” no final das palavras foi uma sugestão do também inesquecível Chico Anísio.
Abaixo, a lista dos álbuns dos Originais do Samba, disponíveis nas plataformas digitais:
Os Originais do Samba vol. 2 (1970)
Samba é de lei (1970)
Samba exportação (1971)
É preciso cantar (1973)
Pra que tristeza? (1974)
Alegria de sambar (1975)
Em verso e prosa (1976)
Os bons sambistas vão voltar (1977)
Aniversário do Tarzan (1978)
Clima total (1979)
Os Originais do Samba (1981)
Canta, meu povo, canta (1983)