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Cartola

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Cartola é, sem sombra de dúvidas, um dos maiores mestres do samba brasileiro, cujas canções encantaram o mundo, sendo gravadas e regravadas por diversos artistas em português e em em outros idiomas.

Nascido no bairro do Catete, Rio de Janeiro, Cartola recebeu o nome de batismo de Angenor de Oliveira e passou a infância nas Laranjeiras, aprendendo com o pai a gostar de samba e a tocar violão.

Mas, com dificuldades financeiras, a família que era bastante numerosa, acabou se mudando para a recém criada comunidade do Morro da Mangueira, onde Cartola fez amizade com Carlos Cachaça.

Quando tinha apenas 15 anos, abandonou os estudos para trabalhar, ao mesmo tempo em que iniciava a vida de boemia.
Aos 17, sua mãe faleceu.

Cartola então passou a viver da boemia, em noites de farra, mas o corpo não aguentou por muito tempo: Ao 18 anos ficou doente.

Dona Deolinda, vizinha.

Sozinho, abandonado num pequeno barraco no Morro da Mangueira, passou a receber os cuidados de D. Deolinda, sua vizinha, que era casada e tinha uma filha.

Dona Deolinda se separou do marido, foi morar com Cartola que acabou criando a filha de D. Deolinda como sua

Na época D. Deolinda era casada e acabou se separando do marido  para ir morar com Cartola, levando a filha que Cartola criou como sua.

O Nascimento da Estação Primeira de Mangueira

O barraco de Cartola e Deolinda passou a  ser reduto de sambistas que buscavam um refúgio mais tranquilo e mais amigável. Que o diga Noel Rosa que foi se abrigar ali algumas vezes.

Como sua vida era a música, apesar do ofício de pedreiro, Cartola só exercia tal atividade esporadicamente quando a coisa apertava.  Boêmio e apaixonado pelo samba,  dedicava-se ao ofício de compositor e violinista nos bares e  tendas do morro da Mangueira, firmando-se como um dos maiores compositores do morro ao lado dos grandes amigos Carlos Cachaça e Gradim.

Desta amizade surgiu o Bloco dos Arengueiros, em 1925, para brincar o carnaval. Com o sucesso, o bloco dos Arengueiros fundiu-se com outros blocos do morro para formar, em 1928 a  Escola de Samba Estação Primeira de Mangueira.

Cartola  assumiu a função de diretor de harmonia da escola, ate fins da década de  1930.

Mário Reis que subia o morro para comprar uma música, conheceu Cartola e diante de suas composições, acabou comprando “Que Infeliz Sorte”, que acabou sendo lançado por Francisco Alves.   Francisco Alves por sua vez, gravou outros sambas de Cartola se tornando o  maior ídolo da música brasileira na época,  projetado  Cartola entre os sambistas na cidade.

Mas Cartola resolveu conservar a autoria de suas obras e não dava parceria a ninguém. Apesar do sucesso, acabou  por se distancir do meio artístico, passando a compor exclusivamente para sua escola de samba, a Mangueira.

O Exílio de Cartola e o encontro da companheira de toda vida: Dona Zica!

Nos anos de 1940, o tempo virou: Viúvo, doente, Cartola  passou por um momento de grandes dificuldades. Acabou se mudando do morro da Mangueira para a baixada fluminense. Ninguém mais ouvia falar no seu nome, ninguém sabia onde ele estava. Desapareceu completamente nos meios musicais  e alguns o davam como morto.

Mas, voltou ao morro e, a vizinha Dona Euzébia, ou simplesmente D. Zica a quem conhecida desde a juventude e que agora era também viúva e mãe de 5 filhos. Dona Zica acabou virando sua companheira e lhe dando um novo sentido para viver e também para compor.

Grande apoiadora da sua carreira, para ela Cartola compôs “Nos dois” uma das suas mais belas canções.  Um amor construído na verdade, na parceria e no apoio mútuo.

O ZiCartola

Cozinheira de mão cheia, Dona Zica e Cartola resolveram unir seus talentos para montar um estabelecimento que servisse refeições  e que no final da tarde, encerrava as atividades com uma roda de samba. Era o  “Refeição Caseira Ltda”, mais conhecido como ZiCartola.

No início o ZiCartola só servia refeições. Mas a comida boa acompanhada da batucada no final do dia, acabava por atrair sambistas e compositores. Entre eles Zé Keti que, além de divulgar o ZiCartola em rádios e jornais, teve a idéia de fazer a roda de samba varar noite a dentro. Assim  o ZiCartola passou a  ter noites de samba toda quarta e sexta-feira.

Revigorado, cheio de amor e de volta ao cenário do Samba, Cartola passou  a ser prestigiado pelos artistas da época e  o ZiCartola acabou por se tornar um ponto de encontro de sambistas de destaque e também de nomes da bossa nova,  que passaram a frequentar o local sendo palco do lançamento de Paulinho da Viola.

O surgimento da carreia artística de Cartola

Aos 62 anos, em 1970, Cartola começou a experimentar uma vida de carreira artística:  protagonizou uma série de apresentações promovidas pela União Nacional dos Estudantes, intituladas “Cartola Convida”,  recebendo grandes nomes do samba.

Também em 1970, lançou um volume dedicado à sua obra na série “História da música popular brasileira”. Em 1972 Paulinho da Viola gravou “Acontece” e Clara Nunes gravou “Alvorada”. Em 1973 Elza Soares gravou “Festa da Vinda”. Cartola compôs “Chega de Demanda”, o primeiro samba escolhido para o desfile e que só seria gravado pelo compositor em 1974, para o disco “História das Escolas de Samba: Mangueira”. Pouco depois, na Rádio Jornal do Brasil, apresentou dois sambas ainda inéditos: “As Rosas Não Falam” e “O Mundo é um Moinho”.

Apesar de ter tido uma vida inteira de samba e de ser um dos mais importantes sambistas da história, a sua carreira entre palcos e gravadoras, não duraria mais que 10 anos. Cartola morreu em 30 de novembro de 1980, aos 72 anos de idade.

Homenagens póstumas, discos e biografias  confirmaram que Cartola foi um dos maiores nomes da música popular brasileira. No aniversário dos seus 115 anos (11/10/2023) até o buscador Google prestou-lhe homenagem com um doodle: quem entrava no buscador (milhões de pessoas), via a logomarca do google com o rosto caricato do mestre Cartola com seu característico óculos escuro.

Ao clicar na imagem, um dos seus grandes sucessos “preciso me encontrar” tocava do começo ao fim com animações.

A homenagem foi exibida no buscador google no Brasil, na América Latina, México e até na Irlanda.

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