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terça-feira, novembro 19, 2024

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Candeia: um mestre

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Candeia para alguns e Mestre Candeia para outros. Filho de um tipógrafo que tocava flauta, o menino Candeia cresceu no meio de músicos, nas festas que seu pai promovia ao som do choro e do samba. Jovem dinâmico, Candeia tocava violão e cavaquinho, jogava capoeira e frequentava terreiros de candomblé.

Era excelente de improviso e também como compositor. Levou a Portela a ganhar nota dez em todos os quesitos, ao compor seu primeiro samba-enredo quando tinha apenas 17 anos em 1953.

Mas seus sambas-enredos não eram melhores que seus sambas de partido-alto, cujos refrões são cantados até hoje nos terreiros e rodas de samba em todo país.

Nos anos 60 ganhou fama de durão ao entrar para a Polícia e se afastar dos antigos companheiros do samba. Interrompia rodas de samba por perturbação da ordem pública e dizem que chegou a prender o próprio irmão Valdir e enquadrar até o tranquilo Paulinho da Viola.

A fama de durão colocou-o numa cadeira de rodas ao levar um tiro que atingiu a coluna vertebral em 1965. E, como não há mal nenhum que o samba não possa curar, Candeia voltou para seu lugar de origem de onde nunca deveria ter saído. No samba encontrou força para lutar contra o trauma. Candeia ergueu a cabeça e firmou-se como líder entre os grandes sambistas cariocas. Passou a reunir a fina flor do samba em sua casa para memoráveis rodas de samba.

Não fazia distinção entre negros ou brancos. Para ele todos eram iguais na luta pela vida. Cantou a desigualdade social sem medo e sem radicalismos, exaltou o samba e a cultura negra, cultuou os orixás. Mesmo não chamando para si uma missão, virou um mito.

Alguns de seus versos improvisados se tornaram tão famosos que foram gravados junto com refrões de terceiros, como se fizessem parte da música original. Candeia era também um mestre improvisador.

Seus dotes de partideiro foram imortalizados em três álbuns denominados Partido em 5, lançados entre 1975 e 1977, com a participação de outros quatro sambistas.

Candeia tinha problemas renais decorrentes da sua paralisia. Em 1978 pouco antes do lançamento do seu quinto álbum morreu aos 43 anos de idade, mas suas canções seus sambas, seus versos de improviso, sua história, tornaram-se eternas!

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