Nelson Mattos, nasceu em 25 de julho de 1924 e adotou no nome artístico o apelido de “Sargento”, que ganhou anda jovem ao servir o Exército.
Mas se por um lado o apelito faz jus ao estilo de ser deste senhor que, mesmo passando dos 90 anos de idade, mantém a disciplina e o rigor em tudo o que faz, tanto na carreira como na vida, engana-se quem pensa que ele é durão:
Nelson Sargento é bem humorado e diz que começou a fazer samba para ser chamado de “Seu” Nelson: O moleque franzino que aos 14/15 anos, abastecia de “birita” as reuniões de “Seu” Cartola, “Seu” Nelson Cavaquinho, “Seu” Carlos Cachaça, queria também o “seu” lugar entre os grandes nomes do samba e conseguiu: Tornou-se uma das mais respeitadas memórias viva do samba com quase um século de vida!
Conta orgulhoso que aos dez anos já sabia tocar tamborim e que quem teve como professor de violão ninguém menos que Nelson Cavaquinho.
Depois de aprender a tocar com Nelson Cavaquinho, logo virou parceiro do padrasto (Alfredo) compondo e musicando sambas, passando em 1947 a integrar a ala de compositores da Mangueira. Da parceria com o padrasto Alfredo, vieram “Vale do São Francisco”, samba-enredo de 1948, “Samba do operário” (com participação de Cartola) e “Freira mais querida” (com a parceria de Nelson Cavaquinho). Venceu o concurso de samba enredo da Mangueira em 1949 (Apologia ao Mestre) e 1950 (Plano Salte – Saúde, Lavoura, Transporte e Educação), garantindo o título de bi-campeã do Carnaval para a verde e rosa.
Mas, apesar da honra de ser compositor da Mangueira, Nelson Sargento queria alargar seus horizontes. Assim passou a integrar o conjunto “A voz do Morro”, ao lado do Paulinho da Viola, Zé Ketti, Elton Medeiros, Jair da Costa, Anescarzinho e José da Cruz. Entre as mais de quatrocentas músicas de sua autoria, duas se destacaram pela consagração do samba mundo a fora: “Samba, Agoniza mas não morre” , que traduz o sentimento do povo carioca pelo samba e “Primavera – Quatro Estações do Ano”, considerado por especialistas como o mais bonito samba-enredo da Estação Primeira de Mangueira de todos tempos.
Criativo, “Seu Nelson”, mostra a riqueza de sua alma artística trilhando por caminhos além da música: Nelson Sargento também se dedica à pintura e 22 de suas telas retratando a vida e o cotidiano carioca, com suas cabrochas, sambistas, favelas e batuqueiros, foram sucesso em exposições pelo Rio.
Além de compor e pintar também escreveu os livros “Prisioneiro do Mundo” e uma monografia sobre o lendário compositor Geraldo Pereira “Um certo Geraldo Pereira“. Foi ator, atuando nos filmes “O Primeiro Dia” de Walter Salles e Daniela Thomas, “Nelson Sargento da Mangueira” de Estevão Pantoja, “Orfeu do Carnaval” de Caca Diegues.
O Baluarte da Mangueira, também mostra uma mente aberta e moderna: quando refere-se à idade diz “nove ponto uns quebrados”!
Nelson Sargento vive após 90 anos de idade, uma fase comemorativa não apenas por chegar a essa idade com tanto vigor e disposição: mas por ter, no samba, um dos grandes antídotos para longevidade:
Vascaíno por opção e Mangueirense por criação, Nelson Sargento é considerado memória viva do autêntico samba do morro da Mangueira. Sempre otimista e disponível a ensinar, como ele mesmo diz também está disposto a aprender, pois, não importa a idade, sempre é tempo de aprender.
O seu alto-astral é surpreendente, mostrando-se sempre feliz, não nega um sorriso a quem dele se aproxima e por isso é considerado como um dos mais simpáticos representantes da velha guarda da Mangueira.
O desejo de menino que queria ser chamada de “Seu Nelson” foi realizado. Ganhou não apenas o respeito de sambistas, mas a admiração de devotos e amantes da cultura brasileira que hoje o reverenciam.
A história admirável de “Seu Nelson” transformou-se em livro, escrito por André Diniz e Diogo Cunha, cujo título é digno do protagonista: “Nelson Sargento – o samba de mais alta patente”.
A vida e obra de Nelson Sargento nos faz ter a certeza de que realmente: “bem aventurados são, os devotos do samba!”
Nelson Sargento.Mestre sambista Mangueirense.Esse é numero baixo.Vida Longa Mestre.