O livro “Conversas de Quintal – 60 anos do Jongo da Serrinha”, assinado por Lazir Sinval e Deli Monteiro, duas matriarcas da tradicional casa de jongo, relata a história desse quilombo urbano, que preserva importantes e tradicionais manifestações culturais.
“É muito emocionante a gente ter feito esse livro contando a história daqui da Serrinha, da minha avó, da minha família, do meu tio Darcy, da minha mãe, de todos da família Monteiro e de todos os jongos também, de todos os jongueiros que a gente homenageia e de Tia Maria do Jongo, de Vovó Tereza, que se foi com 115 anos, da minha família em geral”, afirmou Deli, nascida e criada dentro do Jongo e diretora da casa. “Tinha dias, assim, em que eu me emocionava muito, porque trazia todos aqueles pensamentos de lá de trás para escrever, para escrever esse livro. É muito importante estar passando isso também, porque, hoje, dia de São João, seria aniversário da minha avó Maria Joana, que, se fosse viva, estaria fazendo 115 anos. Era uma pessoa maravilhosa, jongueira, parteira, costureira, a primeira baiana do Império Serrano, rezadeira, mãe de santo. Minha avó era muita coisa aqui na Serrinha e eu estou bem feliz, muito feliz da gente ter conseguido escrever esse livro.”
Dyonne Boy, integrante da diretoria da casa, destacou que é a primeira vez em que o próprio Jongo da Serrinha conta sua história. “Esse é um livro muito importante para a gente”, disse.
O Jongo da Serrinha nasceu no terreiro de Vovó Maria Joana, na Serrinha, comunidade do bairro de Madureira, Zona Norte do Rio. Lá funcionava um terreiro de umbanda, na rua onde foi fundada a comunidade, uma das cinco primeiras favelas centenárias da cidade. O livro também homenageia a Tia Maria do Jongo, que faleceu em 2019, e foi, durante duas décadas, uma liderança ativa do espaço e das tradições, uma guardiã da cultura do Jongo da Serrinha.
“Manter vivas as tradições e manifestações artísticas é fundamental para a cultura brasileira”, ressaltou Jandira “O livro é um verdadeiro tesouro, leitura obrigatória para conhecer sobre o Jongo da Serrinha e sobre Madureira, região que pulsa cultura.”
O livro é ilustrado por Bárbara Boustier, mulher trans e uma das diretoras do Jongo.