A polêmica em torno de Fabiana Cozza nos leva a pergunta: O samba tem cor?
Nos últimos dias, Fabiana Cozza, cantora, intérprete, filha de pai negro e mãe branca sentiu na pele literalmente, o drama da discriminação racial por ser “branca demais” para alguns radicais, quando foi escolhida para interpretar no teatro a grande Dama do Samba, Dona Ivone Lara.
Fabiana Cozza, apesar de ter uma voz firme e ter certa semelhança com Dona Ivone Lara, ao aceitar o papel, recebeu uma enxurrada de críticas proferidas por extremistas, que acham que só é negro no Brasil quem tem a pele escura. Daí o desabafo:
“Renuncio por ter dormido negra numa terça-feira e numa quarta, após o anúncio do meu nome como protagonista do musical, acordar “branca” aos olhos de tantos irmãos. Renuncio ao sentir no corpo e no coração uma dor jamais vivida antes: a de perder a cor e o meu lugar de existência. Ficar oca por dentro.”
Esquecem os radicais que nosso país é misto: Ninguém aqui é plenamente branco ou totalmente negro. Todos nós, brasileiros natos, ainda que tenhamos a pele um pouco mais clara, temos sangue zulu na veia.
Para o publicitário e jornalista, Luciano de Carvalho, “Negra não é a cor da pele mas a mente obscura de pessoas nutridas por preconceitos.”
Já o jornalista Augusto Diniz resume o ocorrido em uma frase que faz todo sentido “A negação da identidade nacional talvez seja uma das piores formas de preconceito.”
Este é um exemplo clássico de negação da identidade nacional. Fabiana Cozza como a maior parte de nós, é parda como está na sua certidão de nascimento. Em sua trajetória artística sempre interpretou com maestria Dona Ivone Lara, por quem nutre grande respeito e admiração. A própria família de Dona Ivone Lara foi quem escolheu Fabiana Cozza para interpretar a grande dama do Samba no musical Dona Ivone Lara, um Sorriso Negro.
Porém, mais uma vez, o racismo falou mais forte no Brasil e todos nós saímos perdendo.